Muitas pessoas não sabem quão difícil é lutar contra a Ansiedade.
Não aquela que todos nós passamos com um evento iminente, onde sentimos o frio na barriga, a adrenalina correndo pelo corpo todo, e quem sabe o êxtase ao final do evento que se estava esperando. Esse tipo de reação é uma resposta natural e evolutiva para preparar o corpo e a mente para se adaptar à alguma nova mudança na vida.
No entanto, quando falamos do Transtorno de Ansiedade, falamos sobre aquela diagnosticada, de difícil controle, que diferentemente da ansiedade corriqueira, é em nível desproporcional do fato gerador, causando muito sofrimento, interferindo na qualidade de vida da pessoa, atrapalhando a vida social, familiar, pessoal e profissional. O TAG ( Transtorno de Ansiedade Generalizada ) perdura por no mínimo 6 meses e vem acompanhado de inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.
A ansiedade varia de pessoa para pessoa, pode afetar pessoas de todas as idades, desde o nascimento até a velhice, mas em geral, as mulheres são mais vulneráveis ao transtorno.
Além de todos esses sintomas, é possível que a pessoa sinta palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese excessiva, dor de cabeça, alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no peito e dores musculares.
Sabendo de tudo isso, e sem poder explicar para as pessoas quão realmente perturbador é passar por isso, a fotógrafa Katie Joy Crawford, decidiu começar um projeto para demonstrar em fotos, o transtorno que tanto tem lutado contra durante toda a sua vida.
Na descrição de seu projeto, ela descreve que "A ansiedade impede o doente do risco da descoberta, o desejo de explorar novas ideias, e a possibilidade de sair de uma zona de conforto."
Usando minhas próprias histórias e experiências, estou capturando a essência crua da ansiedade. Através desta jornada pessoal, eu cresci e descobri que descrever os meus medos se tornou terapêutico, bem como uma porta de entrada para os outros expressarem sua opressão e iniciarem o seu próprio processo de cura.
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Não importa o quanto eu resista, sempre estarei aqui mesmo desesperada para me abraçar, me cobrir, terminar comigo. Cada dia eu luto contra isso: você não é bom pra mim e você nunca vai ser.
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Uma prisioneira de minha própria mente. A instigadora dos meus próprios pensamentos. Quanto mais eu penso, pior fica. Quanto menos eu penso, pior fica. Respire. Apenas respire. Vai aliviar em breve.
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Um copo de água não é pesado. Mas e se você tivesse que suportar o seu peso por dias… meses … anos? O peso não muda, mas a carga sim. Em um certo ponto, você não consegue se lembrar como era não carregá-lo. Às vezes, você finge que não está lá. E, às vezes, você apenas tem que deixá-lo cair.
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É estranho. É como quando você está nadando e você quer colocar os pés no chão, mas a água é mais profunda do que você pensou.
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Eles continuam me dizendo para respirar. Eu posso sentir meu peito se movendo para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Mas por que sinto que estou sufocando? Eu coloco a minha mão debaixo do meu nariz, certificando-se que há ar. Eu ainda não consigo respirar.
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Depressão é quando você não pode sentir . Ansiedade é quando você sente muito. Ter ambos é uma guerra constante dentro de sua própria mente.
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Eu estava com medo de dormir. Senti o pânico mais cru em completa escuridão. Na verdade, completa escuridão não era assustador. Era um pouco de luz que lançava uma sombra – uma sombra aterrorizante.
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Sensação de dormência. Quão paradoxal. Quão apropriado. Você pode realmente se sentir dormente? Ou é a incapacidade de sentir? Estou tão acostumada a estar dormente que eu equiparo a um sentimento real.
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Minha cabeça está enchendo com hélio. O foco está desaparecendo. Eis uma pequena decisão a se tomar. É como uma pergunta fácil de responder. Minha mente não está me deixando. É como milhares de circuitos que cruzam de uma vez.
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Eu tenho medo de viver e eu tenho medo de morrer. Que forma de existir.
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Cortes tão profundos que nunca vão curar. Dor tão real, quase insuportável. Tornei-me isto … Este corte, essa ferida. Tudo que eu sei é isso; respiração afiada, olhos vazios, mãos trêmulas. Se é tão doloroso, por que deixar continuar?
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Você foi criada por mim e por mim. Você foi criada por minha reclusão. Você foi criada na defesa venenosa. Você é feita de medo e de mentiras. Medo de promessas unilaterais e de perder a confiança tão raramente dada. Você foi formando toda a minha vida. Mais forte e mais forte.
Pode ter inúmeras causas e decorrências, normalmente se inicia com altos níveis de estresse.
A ansiedade não é frescura, não é "coisa de fraco", não é algo simples.
Esse transtorno é tão sério que pode dar desencadear outros transtornos mais sérios como por exemplo, a Síndrome do Pânico.
A síndrome ou transtorno do pânico ( ansiedade paroxística episódica) é uma doença repentina, inesperada e inexplicável, que pode ser desencadeada por crises de ansiedade aguda, marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que atingem sua intensidade máxima em 10 minutos.
Durante o ataque de pânico, a pessoa experimenta a nítida sensação de que vai morrer, ou de que perdeu o controle sobre si mesma e vai enlouquecer.
A primeira crise pode ocorrer em qualquer idade, costumando-se manifestar-se na adolescência ou no início da idade adulta, sem nenhum motivo aparente. O episódio pode se repetir de forma aleatória, várias vezes no mesmo dia ou demorar semanas, meses ou até anos para surgir novamente, podendo acontecer também durante o sono.
Não fazer a menor ideia de quando, ou se, a crise vai acontecer, gera um estado de tensão e ansiedade antecipatórias propício para o desenvolvimento de outras fobias. O mais comum é a agorafobia, distúrbio da ansiedade marcado pelo temor de encontrar-se em espaços abertos com muita gente, ou em lugares fechados, dos quais a pessoa que possui o transtorno, não possa sair se tiver um ataque de pânico.
Apesar de não ser exclusivamente, este também é um transtorno que atinge mais as mulheres do que os homens, em razão da flutuação e altas mudanças hormonais que a mulher sofre, principalmente durante o período fértil da vida.
Nunca se pode dizer que quem tem tais transtornos, é "louco", "fraco", "coisa de gente que não tem o que fazer", "frescura", afinal, sensação de morte e todos os efeitos causados pela síndrome, são de fato problemas sérios que afetam a vida de qualquer pessoa.
Os principais sintomas da síndrome do pânico, bastante se assemelha aos da Ansiedade, motivo pelo qual normalmente um é seguido do outro.
Quem sofre os ataques de pânico, apresenta ao menos quatro dos seguintes sintomas:
- medo de morrer
- medo de perder o controle e enlouquecer
- despersonalização ( impressão de desligamento do mundo exterior, como se a pessoa estivesse vivendo um sonho ) e desrealização ( distorção na visão de mundo e de si mesmo, impede de diferenciar a realidade da fantasia )
- dor e/ou desconforto no peito ( normalmente confundidos com sinais de infarto )
- palpitações e taquicardia
- sensação de falta de ar e sufocamento
- asfixia
- sudorese
- náusea ou desconforto abdominal
- tontura ou vertigem
- ondas de calor e calafrios
- adormecimento e formigamento no corpo
- tremores, abalos e estremecimentos
Com frequência, quem sofre da síndrome do pânico, apresenta quadros de depressão.
Assim como tem acontecido atualmente, essa também é um transtorno que pode ter como gatilho, o estresse do dia a dia, uma vez que não se sabe de onde surge e não se tem registros de causas específicos de gatilho para as crises.
Para se identificar as crises, é preciso descartar todos os outros problemas possíveis que se assemelham aos dos transtornos, por exemplo, é preciso que se descarte problemas cardíacos, hepáticos, hipertiroidismo, hipoglicemia e epilepsia.
Estes são os motivos pelos quais não se deve julgar uma pessoa por ter alguma dessas síndromes, nenhuma delas é uma simples soluço que pode ser tratado com um copo de água.
Todas elas fazem a pessoa experimentar a sensação de pânico, morte, depressão e desespero.
Caso você conheça alguém que tenha alguma das síndromes, ou se você mesmo sofre desses males, entenda que é preciso ter calma para dar andamento à tratamentos, não é algo simples, é algo que demanda tempo e paciência, mas por fim, tratável.
Katie foi - com falta de melhores palavras para descrever - extremamente corajosa ao se expor e mostrar quão difícil é conviver com este fardo, mas o fez por dois motivos: tornar sua própria terapia em saber como seu corpo reage e como ela lida com isso, e para ajudar aqueles que passam pelo mesmo problema.
Revelador, pessoal, apaixonante, profundo e surreal.